quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Nemetons - Os Bosques Sagrados


Acredita-se que os antigos celtas cultuavam as árvores como verdadeiras deidades e muitos bosques eram considerados locais sagrados, onde seres divinos habitavam.
Para esta antiga civilização, as árvores eram o símbolo primordial da vida. Reza uma antiga lenda celta que o primeiro homem fora criado de um amieiro e a primeira mulher de uma sorveira.
Mas as árvores também eram um símbolo de morte e renascimento. Muitas transmitiam este poder quando, nos meses do Outono e do Inverno, perdiam suas folhas. A capacidade de brotar, florir e frutificar novamente, era visto com admiração e sacracidade.
Em certas regiões, caixões de madeiras eram feitos de troncos ocos pois acreditavam que o espírito daquela árvore podia guiar o morto ao outro mundo.
Os espíritos das árvores eram reverenciados e, de acordo com as lendas, plantando um broto, semente, ou estaca, no mesmo local onde a árvore mãe havia secado, ali permaneceria o espírito guardião da árvore.
É sabido que os celtas não tinham templos como outros povos europeus do mesmo períoso, e eram nos bosques que os ritos e cerimônias religiosas se realizavam. Para eles, ali, em contato direto com a natureza e os espíritos das árvores e das florestas, é que podiam entrar em contato com o divino universal.
No mito celta, os bosques eram a morada de seres encantados, fadas e outros elementais, por isso, deviam ser respeitados e também temidos. Muitos locais, deveriam inclusive ser evitados, pois eram lares de energias obscuras, onde somente alguns druidas e anciãos podiam entrar. Normalmente, eram lugares onde cresciam espinheiros (leia no post Crataegus), pois e os elementais do local podiam enfurecer-se e voltar-se contra os intrusos.
Druida
Haviam também, nos bosques, os poços sagrados e, geralmente, quando necessitavam da água, os antigos pagãos amarravam uma oferenda na árvore mais próxima ao poço, assim estariam reverenciando o espírito guardião e os seres que ali estavam.
Segundo estudiosos, a palavra celta para bosque sagrado era "Nemeton", e os bosques de carvalhos eram, na maioria dos casos, os mais adequados para as reuniões e assembleias druidicas. A própria palavra druida sugere que o nome seja derivante de drus (carvalho) e seu significado seja "aquele que tem o conhecimento do carvalho". Os bosques de carvalho seriam, portanto, os locais mais indicados na busca pela sabedoria.
Gerald Gardner, em seu livro "O Significado da Bruxaria", afirma as catedrais cristãs foram construídas baseando-se nos antigos bosques sagrados. Os arcos e abóbadas têm as formas das copas arredondadas das árvores. As janela ao leste são como o sol nascente. Já os vitrais reproduzem os vãos entre as árvores por onde entra a luz em meio às folhas e o  centro é como uma clareira,
Segundo Gardner, foi o desejo de levar para dentro das igrejas a antiga morada dos deuses que fez com que as catedrais adquirissem tal forma.


Floresta de Sonian - Bélgica



A Sacracidades das Àrvores 



"Para mim, as árvores sempre foram os pregadores mais penetrantes. Eu as reverencio quando vivem em tribos e famílias, em florestas e bosques. Nos seus ramos mais altos o mundo sussurra, suas raízes repousam no infinito; mas eles não se perdem lá, eles lutam com toda a força de suas vidas por uma única coisa: realizar-se de acordo com suas próprias leis, construir sua própria forma, para se representar. 
Nada é mais sagrado, nada é mais exemplar do que uma árvore bela e forte. Quando uma árvore é cortada e revela sua ferida de morte nua ao sol, pode-se ler toda a sua história no disco luminoso e inscrito de seu tronco: nos anéis de seus anos, nas suas cicatrizes. Toda a luta, todo o sofrimento, toda a doença, toda a felicidade e prosperidade estão verdadeiramente escritos, os anos estreitos e os anos luxuosos, os ataques resistidos , as tempestades que suportaram. Cada jovem lenhador sabe que a madeira mais dura e nobre têm os anéis mais estreitos, que no alto das montanhas e em constante perigo crescem as árvores quase indestrutíveis, as mais fortes, as ideais.
Um desejo de vagar rasga o meu coração quando ouço as árvores farfalhando ao vento à noite. Se as ouvimos em silêncio por muito tempo, essa saudade revela seu núcleo, seu significado. Não se trata tanto de escapar do sofrimento, embora possa parecer. É uma saudade de casa, de uma memória da mãe, para novas metáforas da vida... Então a árvore farfalha à noite diante de seus próprios pensamentos. 
As árvores têm pensamentos longos, de respiração longa e repousantes, assim como têm vidas mais longas do que a nossa. Elas são mais sábias do que nós... Quem aprendeu a ouvir as árvores não quer ser uma árvore, não quer ser nada além do que se é. Isso é felicidade.”

Herman Hesse










7 comentários:

  1. Eu vi umas fotos de um local na Escócia que, apesar de ter carvalhos, pelo menos eu não reconheci, ressalta aos olhos estas energias e ainda há um poço meio escondido.. pelo tempo. Fiquei passada por sentir o que senti apenas vendo as fotos.
    Abs

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  2. Seu blog é ótimo. A magia é realmente fascinante!

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  4. Como conseguir sementes dos vales sagrados

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